Ele a observava, enquanto ela dormia recostada em seu
peito. Um sentimento de ternura explodia dentro dele e seus lábios se
contorciam num sorriso de satisfação. Sua respiração era tranquila e seus
cabelos dourados tinham um cheiro suave, inebriante, e ele só conseguia
cheirá-los e sorrir feito um bobo. Ele não pregou os olhos a noite inteira, mas
não se sentia cansado, só queria continuar ali, aproveitando esse momento
único.
Ela murmurou alguma coisa ininteligível, enquanto virava-se
de lado. Ele abraçou-a no melhor estilo “conchinha” e apertou-a levemente
contra si. E percebeu nesse instante, que não conseguiria viver mais um dia
sequer sem essa mulher. Nunca fora dado a ímpetos de romantismo, mas tudo nela
inclinava-o a isso: seus olhos castanhos meigos, seu sorriso largo sincero, sua
pele macia de algodão...
Rendeu-se a ela como uma corsa rende-se ao seu
predador, sabendo o quanto é inútil relutar. Ele não seria de mais ninguém,
sabia disso. Não importava o quanto isso durasse, ele jamais se entregaria a
outro alguém como se entregou a ela. Ninguém jamais o teria por inteiro, ela
sempre o possuiria. Esse pensamento o assustou. Ele não podia perdê-la, ou
jamais seria feliz por completo. Sentira o gosto real da felicidade, não se
contentaria com menos que isso nunca mais.
Bruna Ramos