Hoje a saudade, minha companheira diária, acordou-me com um café da manhã na cama. Resmunguei-lhe alguns impropérios, não queria ser acordada tão cedo, porém ela decidida disse que não iria a lugar algum, então cedi e lhe dei atenção. Conversamos durante longas horas, ela alegou insensibilidade de minha parte, que se sentia incompreendida e insatisfeita, respondi-lhe que me sentia em igual situação em relação a ela.
Exaltamo-nos, gritamos e choramos penosamente tentando mostrar os erros uma da outra, afinal alguém tinha que levar a culpa. O que ela queria de mim? O que eu não estava dando a ela? Por que eu não conseguia realizar seus desejos? Enquanto essas perguntas não tinham respostas, travávamos uma batalha diária, onde ambas saíamos desgastadas.
Após um tempo incontável, caiu sobre nós um silêncio súbito, então nos olhamos exaustas e abatidas, eu via a minha e a sua tristeza refletida em seu olhar e naquele momento sabíamos que havia acabado. A nossa batalha diária terminaria ali. Conhecíamos a verdade: aquele impasse não havia sido resolvido, porém ambas estávamos sem força para continuar, então num momento de íntima compreensão, ela retirou-se levando consigo a bandeja do café da manhã, deixando comigo um silêncio assustadoramente reparador.
Bruna Ramos
Nenhum comentário:
Postar um comentário