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quinta-feira, 7 de junho de 2012

Baile de Reveillon

De arma em punho, me coloquei a caminhar. Andava desnorteada, trôpega, quase sem noção do mundo ao meu redor. Determinada, continuei o caminho a largos passos, com um único e pulsante pensamento em companhia. Não sabia aonde chegaria, mas sabia que estava na direção certa e talvez o resultado fosse melhor que o planejado: fosse esplêndido, magnífico, um show digno da corte.
Cansada de carregar a arma, descansei-a em minha cintura enquanto ela reluzia sorridente, feliz em saber o que em breve faria. Arrependimento nunca fora um dos meus sentimentos mais presentes e a covardia também não, por isso ela sorria: eu não voltaria atrás.
Cheguei. Vi o de longe com a camisa que eu mais gostava. Ele parecia feliz, sempre com um sorriso estampado no rosto. Enquanto eu me sentia cansada e ofegante, um trapo, vestido de farrapos na alma e no corpo. Segui determinada em sua direção, empunhei a arma, segurando tão forte que meus dedos doíam: eu não podia errar.
Um tiro. Foi o que bastou. Fogos de artifício. Meia-noite. Reveillon. Gritos e sorrisos misturavam-se. Ele me olhava confuso e tudo estava como em câmara lenta. “Desculpe-me”, foi a única coisa que eu disse. E dali em diante fisguei seu coração para sempre!

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