Estava pensando, olhando pra trás
e tentando catar os pedaços deixados por lá. Como não percebi o quanto
estávamos nos perdendo? Por que não notei que o barco estava minando? Talvez a
sutileza dos acontecimentos, a beleza das palavras ditas da boca pra fora e a
ilusão de ver que tudo estava bem, quando na verdade nada estava no lugar. É,
nem eu.
A verdade é esta: perdemo-nos. Desencontramo-nos,
depois de tantos encontros. E não posso dizer que é a primeira vez. Quem dera
pudesse dizer que era a última! Existe instabilidade, sentimento, dor, passado,
ligação... Ingredientes de uma história mal resolvida, mal digerida. E agora
não temos tempo para conversa fiada. Não quero mais ouvir meias verdades,
cansei de te ter em parte, quando me dei além do que é humanamente possível.
Não vou dizer que você é ingrato!
Talvez egoísta. Mas eu também não fui? Só que a dor que as imagens, os sons e
até o aroma me trouxeram, tornaram tudo insuportável. A verdade é essa: não te
suporto agora, embora te ame. Isso não é compreensível, mas eu também nunca
fui. Não quero fazer sentido, só quero ter o direito de expressão. E de
solidão. E de curtir a minha dor. Não te quero mal, não te quero e ponto.
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