O mar parecia calmo, a brisa soprava suave movendo lentamente os seus cabelos.
Sei que não deveria, mas eu achava-a linda por trás daquelas lágrimas. A minha
vontade era de correr e abraça-la, entretanto a única reação que tive foi vê-la
dar as costas. Eu ali, tão inabalável, tão centrado e ela triste, decidida, não
mais minha.
Caí
de joelhos e a areia me recepcionou macia, o vento soprou mais forte e as
folhas das palmeiras gemeram em protesto, seria por mim ou pelo vento? A chuva
começou a banhar-me, sendo difícil dizer se chovia mais dentro ou fora de mim,
embora isso já não importasse. Deitei-me ao lado de suas pegadas, tentando
buscar parte dela, porém a chuva cruel apagou qualquer vestígio de sua presença
– ou terá sido minhas lágrimas?
Ainda
no chão, virei-me para o Céu e senti as gotas acariciarem meu rosto dizendo
“sinto muito”, sendo gentis choraram comigo a minha dor. Senti as águas do mar
encostar em minha pele, parecia querer abraçar-me, a natureza e eu estávamos em
sintonia. Permaneci imóvel, sentindo o mar tomar-me em seus braços, fechando os
olhos para sentir – ou não sentir, quem sabe? – entendendo que aquilo poderia
ser o fim ou o começo, e as duas coisas ao mesmo tempo.
Foi
então que senti um outro abraço. Tão desesperado, tão urgente, tão familiar. O
cheiro, a pele macia, o abraço apertado em um encaixe perfeito, nada daquilo
era estranho. Abri os olhos. Lá estava ela, linda a minha frente e numa fração
de tempo, eu não podia mais tocá-la..
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