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quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Triste Canção

O mar parecia calmo, a brisa soprava suave movendo lentamente os seus cabelos. Sei que não deveria, mas eu achava-a linda por trás daquelas lágrimas. A minha vontade era de correr e abraça-la, entretanto a única reação que tive foi vê-la dar as costas. Eu ali, tão inabalável, tão centrado e ela triste, decidida, não mais minha.
Caí de joelhos e a areia me recepcionou macia, o vento soprou mais forte e as folhas das palmeiras gemeram em protesto, seria por mim ou pelo vento? A chuva começou a banhar-me, sendo difícil dizer se chovia mais dentro ou fora de mim, embora isso já não importasse. Deitei-me ao lado de suas pegadas, tentando buscar parte dela, porém a chuva cruel apagou qualquer vestígio de sua presença – ou terá sido minhas lágrimas?
Ainda no chão, virei-me para o Céu e senti as gotas acariciarem meu rosto dizendo “sinto muito”, sendo gentis choraram comigo a minha dor. Senti as águas do mar encostar em minha pele, parecia querer abraçar-me, a natureza e eu estávamos em sintonia. Permaneci imóvel, sentindo o mar tomar-me em seus braços, fechando os olhos para sentir – ou não sentir, quem sabe? – entendendo que aquilo poderia ser o fim ou o começo, e as duas coisas ao mesmo tempo.
Foi então que senti um outro abraço. Tão desesperado, tão urgente, tão familiar. O cheiro, a pele macia, o abraço apertado em um encaixe perfeito, nada daquilo era estranho. Abri os olhos. Lá estava ela, linda a minha frente e numa fração de tempo, eu não podia mais tocá-la.

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